quinta-feira, 26 de março de 2020

A criação do mundo pelos Tupinambás

Conteúdos:
 * Mito da criação;
* Linguagens sagradas.

 Objetivo:
* Conhecer um mito de tradição oral e escrito da matriz indígena.
* Entender a criação do Mundo conforme a crença dos índios Tupinambás.


Desenvolvimento: Converse com os estudantes sobre algumas tradições religiosas da matriz indígena e proponha uma pesquisa prévia sobre quem é o povo Tupinambá.
Apresente aos estudantes o seguinte texto:

A criação do mundo
    Assim contam os Tupinambás sua crença sobre o que ocorreu na terra, a respeito de uma personagem que chamam de Monâ, a quem atribuem as mesmas perfeições que damos a Deus. Dizem que é sem fim e sem começo, existindo desde sempre, e criou o céu, a terra, os pássaros, os animais que povoam a terra, embora não se refiram ao mar, criado por Amapã Tupã, que quer dizer na sua língua "núvens de Tupã".
    O mar surgiu devido a um fato ocorrido na Terra, que antigamente era única e achatada, sem montanha alguma, produzindo tudo para o sucesso dos homens.
   Eis como surgiu o mar:
   Como os homens viviam usufruindo a vida, beneficiando-se do que produzia a terra, fecundada pelo orvalho do céu, se esqueceram de suas tradições e passaram a viver desordenadamente. Entraram em tão grande desregramento que começaram a desobedecer Monã, que naquela época vivia com eles em grande familiaridade.
   Monã, vendo a grande ingratidão dos homens, sua maldade e o desprezo que lhe voltaram, ao trair seus planos, afastou-se deles. Mandou então Tatá, o fogo do céu, que queimou e destruiu tudo o que estava sobre a Terra. Esse fogo consumiu as coisas de tal maneira que abaixou a Terra de um lado e a levantou de outro, deixando-a hoje como a conhecemos, com seus vales, colinas e montanhas, além dos vastos e belos campos.
   De todos os homens que então viviam, salvou-se apenas um, que se chamava Irin-Magé, que Monã levou para o céu, ou para outro lugar, a fim de colocá-lo a salvo desse fogo que consumia tudo. Irin-Magé vendo tudo destruído, dirigiu-se a Monã, com suspiros e lágrimas e disse-lhe:
   -Desejará também destruir o céu e o que lhe contém? Onde será nossa morada? Que me adiantará viver, não havendo ninguém que se me assemelhe?
   Monã, diante dessas palavras, foi tomado de compaixão, e para remediar o mal que fez a terra, devido a maldade dos homens, fez chover de tal maneira sobre a terra que aquele incêndio se apagou.
   Não podendo a água retornar as núvens, ela foi represada, seguindo alguns caminhos que a levaram para regiões onde ficava presa de todos os lados. A essa grande quantidade de água represada foi dado o nome de Paranã, que significa amargura, e é o nome dado ao mar.
   Dizem que o mar é assim amargo e salgado, como se apresenta hoje, porque a Terra, tendo sido transformada em cinza devido ao incêndio enviado por Monã, deu esse saber ao grande Paranã, ao mar que envolve a Terra.
   Monã vendo que a Terra tinha voltado à sua primitiva beleza e o mara havia engalanado, envolvendo-a por todos os lado, incomodando-se  que esse belo cenário permanecesse sem ninguém cultivar, chamou Irin-Magé e lhe deu uma esposa para que repovoassem o mundo de pessoas melhores do que os primeiros habitantes da terra.
   De Irin-Magé descendem todos os homens que viviam antes de haver o grande dilúvio que, segundo eles, veio mais tarde.

Emerson Guarani e Benedito Prezia (org.). Relato do povo tupinambá do Rio de Janeiro, século XVI. In: A criação do mundo e outras belas histórias indígenas. São Paulo: Formato Editorial, 2011, p.23-24.

 
1) Você conhece alguma história sobre a  criação do mundo? O que ela tem de semelhante com a história que você acabou de ler?

2) De acordo com os Tupinambás, quem criou o céu, a terra e os animais?

4) Por que Monã destruiu a terra?

5) De quem descende todos os homens?

6) Escreva o que mais chamou atenção na história e represente ao lado com um desenho.





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