quinta-feira, 18 de abril de 2013

As relações de poder na escola


           O Aluno é uma pessoa  que já vem carregado de experiências e saberes adquiridos com a vida e que não pode receber um ensino ultrapassado como apenas copiar questões do quadro e ouvir o professor. É preciso considerar o que o estudante sabe, promover debates, discussões, contextualizar o que ser quer ensinar.  Nesse sentido penso que os estudantes ainda necessitam receber o devido valor em relação ao quanto podem contribuir uns com os outros na construção do conhecimento.
O estudante é aquele por quem toda a escola deve se mobilizar, na intenção de proporcionar-lhe uma boa formação, para que perceba de que forma pode contribuir para uma sociedade melhor e que nela seja atuante e participativo.
Da mesma forma como o aluno deve ser valorizado, penso que o Coordenador Pedagógico deve valorizar as contribuições dos professores, o que nem sempre pensei assim. Lembro-me do meu primeiro dia como Coordenadora Pedagógica em uma reunião no primeiro dia de aula, quando a diretora da escola se posicionou em frente do grupo de professores, que por sinal era muito grande e disse: “Vocês devem respeitar a hierarquia da escola, alunos-> professores -> coordenadores pedagógicos -> direção, pois se vocês não a respeitarem, como vão querer o respeito dos alunos?”. Naquele dia me senti superior, porém naquele ano o trabalho não fluiu como eu gostaria.  Segundo Fernandes Muitas vezes estes traços estão relacionados à concepção tecnicista de professor-executor, que, portanto, precisa ser conduzido e julgado por alguém superior a ele na rede hierárquica da escola, muitas vezes deforma autoritária”.                             
             Posteriormente passei a perceber que uma escola que não exerce a gestão democrática, que centraliza o poder, não funciona e pouco acrescenta na vida do estudante, pois professores que chegam desmotivados, desmotivam  o estudante também.
Não dá para esperar que o professor seja um mero executor de atividades, pois quando somados os saberes, as práticas, certamente será mais atrativo tanto para os professores quanto para os estudantes.
Tenho aprendido que o trabalho pode fluir da forma desejada quando demonstro o que de fato cabe a mim, quando ouço as contribuições dos docentes e procuro auxiliá-los da melhor forma, para que o momento em que estou organizando o trabalho pedagógico junto a ele, não seja um momento para fiscalizar o trabalho, mas para juntos buscarmos soluções para as diversas situações com as quais professores e alunos se deparam.
Para que as situações de desigualdade sejam superadas é preciso criar um ambiente de confiança, somar os esforços, ouvir a todos, valorizar as novas ideias, reconhecer as experiências de forma que coletivamente todos possam contribuir para uma escola de qualidade.
Complementando, Tragtenberg (2001) nos mostra que na escola o professor julga o estudante pela nota e no conselho de classe,”(...) define o Programa do curso nos limites prescritos, prepara o sistema de provas ou exames. Para cumprir essa função ele é inspecionado, é pago por esse papel de instrumento de reprodução e exclusão. Pessoalmente penso que a intenção do professor não é mais a de julgar, de inferiorizar o aluno, não conscientemente, e que para que haja mudanças nesse processo, ainda necessita muito tempo e formação.
A disposição das carteiras em sala de aula é vista como a forma do professor ser o detentor do poder, a forma de controlar a turma. Acredito que essa organização em sala  tornou-se um processo cultural, que é possível ser mudado, mas antes disso é preciso modificar a mente dos profissionais da escola.
Certamente que as relações de poder no interior da escola precisam ser mudadas e me pergunto sobre o que fazer então para modificar essa realidade? O que fazer para ser uma boa coordenadora pedagógica, sem de alguma forma impor normas vindas da Secretaria de Educação? Segundo Castro (1998),(...)os atores se submetem às ordens e exigências de superiores "bons", "amigos" e "compreensivos" que não as impõem por uma vontade própria, mas enquanto "arautos" dos órgãos oficiais (...)”.
 As regras já vêm ditadas de cima, nos falando sobre como fazer, o que atingir, como proceder, que método utilizar e mesmo assim, de todas as formas temos que lutar por uma escola de qualidade por intermédio de uma gestão democrática.

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