O Aluno é uma pessoa que já vem
carregado de experiências e saberes adquiridos com a vida e que não pode
receber um ensino ultrapassado como apenas copiar questões do quadro e ouvir o
professor. É preciso considerar o que o estudante sabe, promover debates,
discussões, contextualizar o que ser quer ensinar. Nesse sentido penso que os estudantes ainda
necessitam receber o devido valor em relação ao quanto podem contribuir uns com
os outros na construção do conhecimento.
O estudante é aquele por quem toda a escola deve se mobilizar, na
intenção de proporcionar-lhe uma boa formação, para que perceba de que forma
pode contribuir para uma sociedade melhor e que nela seja atuante e
participativo.
Da mesma forma como o aluno deve ser valorizado, penso que o Coordenador
Pedagógico deve valorizar as contribuições dos professores, o que nem sempre
pensei assim. Lembro-me do meu primeiro dia como Coordenadora Pedagógica em uma
reunião no primeiro dia de aula, quando a diretora da escola se posicionou em
frente do grupo de professores, que por sinal era muito grande e disse: “Vocês
devem respeitar a hierarquia da escola, alunos-> professores -> coordenadores
pedagógicos -> direção, pois se vocês não a respeitarem, como vão querer o
respeito dos alunos?”. Naquele dia me senti superior, porém naquele ano o
trabalho não fluiu como eu gostaria. Segundo
Fernandes “Muitas vezes estes traços estão relacionados à concepção
tecnicista de professor-executor, que, portanto, precisa ser conduzido e julgado
por alguém superior a ele na rede hierárquica da escola, muitas vezes deforma
autoritária”.
Posteriormente passei a perceber que uma
escola que não exerce a gestão democrática, que centraliza o poder, não
funciona e pouco acrescenta na vida do estudante, pois professores que chegam
desmotivados, desmotivam o estudante
também.
Não dá para esperar que o professor seja um mero executor de atividades, pois
quando somados os saberes, as práticas, certamente será mais atrativo tanto
para os professores quanto para os estudantes.
Tenho aprendido que o trabalho pode fluir da forma desejada quando
demonstro o que de fato cabe a mim, quando ouço as contribuições dos docentes e
procuro auxiliá-los da melhor forma, para que o momento em que estou
organizando o trabalho pedagógico junto a ele, não seja um momento para
fiscalizar o trabalho, mas para juntos buscarmos soluções para as diversas
situações com as quais professores e alunos se deparam.
Para que as situações de desigualdade sejam superadas é preciso criar um
ambiente de confiança, somar os esforços, ouvir a todos, valorizar as novas
ideias, reconhecer as experiências de forma que coletivamente todos possam
contribuir para uma escola de qualidade.
Complementando, Tragtenberg (2001) nos mostra que na escola o professor
julga o estudante pela nota e no conselho de classe,”(...) define o Programa do curso nos limites
prescritos, prepara o sistema de provas ou exames.
Para cumprir essa função ele é inspecionado, é pago por esse papel de
instrumento de reprodução e exclusão”.
Pessoalmente penso que a intenção do professor não é mais a de julgar, de
inferiorizar o aluno, não conscientemente, e que para que haja mudanças nesse
processo, ainda necessita muito tempo e formação.
A disposição das
carteiras em sala de aula é vista como a forma do professor ser o detentor do
poder, a forma de controlar a turma. Acredito que essa organização em sala tornou-se um processo cultural, que é
possível ser mudado, mas antes disso é preciso modificar a mente dos
profissionais da escola.
Certamente que
as relações de poder no interior da escola precisam ser mudadas e me pergunto
sobre o que fazer então para modificar essa realidade? O que fazer para ser uma
boa coordenadora pedagógica, sem de alguma forma impor normas vindas da
Secretaria de Educação? Segundo Castro (1998), “(...)os atores se submetem às ordens e exigências de
superiores "bons", "amigos" e "compreensivos" que
não as impõem por uma vontade própria, mas enquanto "arautos" dos
órgãos oficiais (...)”.
As regras já vêm ditadas de cima,
nos falando sobre como fazer, o que atingir, como proceder, que método utilizar
e mesmo assim, de todas as formas temos que lutar por uma escola de qualidade
por intermédio de uma gestão democrática.
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